quarta-feira, 13 de junho de 2007

Comemorando a Resistência

Everton Maciel

Um dos maiores exemplos da capacidade tácita que a humanidade tem de gerar mudanças em qualquer sociedade é a cultura. Discussões políticas, econômicas e sociais dependem, necessariamente, da vontade dos detentores da caneta da máquina pública. Mas as alterações que se realizam no âmbito cultural são silenciosas, sorrateiras e, muitas vezes, tímidas. Tais fatores, no entanto, não interferem na eficiência do processo evolutivo de um povo, que se movimenta no caminho da mescla cultural.

Justamente nesse momento, onde as atenções da nação se voltam às barbaridades que acontecem no campo da ética-política, um grupo de santa-rosense faz o que já deveria ter sido feito antes: voltar seus olhos à discussão de problemas que nos afetam, mas que estão longe demais para serem combatidos com gritos de mudos.

Apesar do nosso eterno hábito remediatista, a história mostra-nos que existem problemas estruturais que só podem ser resolvidos depois de uma reforma cultural silenciosa. Portanto, pouca eficácia existe nos protestos barulhentos e ferrenhos. Quando muito, consegue-se punir os culpados. Uma solução efetiva acontecerá com uma reforma conceitual. Isso só acontecerá no Brasil em pequena escala e as soluções são inatingíveis a curto prazo.

Tal empresa pode ser gerenciada por vários procedimentos. Um dos mais eficientes deles é a discussão e a educação para o debate.

Em Santa Rosa, essa discussão ganhou forma há um ano com Projeto Cultural Resistência. Com a intenção despretensiosa de reunir amigos, o evento tomou dimensões maiores e surpreendeu os próprios organizadores.

Debates polêmicos que mantêm o nível de respeito esperado, teatro, música, literatura, artes plásticas e cinema são alguns dos pretextos. Mas o real motivo parece mais ambicioso: mudar o mundo em pequena escala.

Neste sábado, 16, a partir das 20h uma feijoada comemorará o aniversário do evento. Depois do debate, que acontecerá no teatro, os convidados serão recebidos no salão de festas do SESC de Santa Rosa.

Quem ganhou com o Resistência foi a cidade. Aquilo que era um sábado de “Zorra Total”, agora, pelo menos uma vez por mês, pode ser um evento cultural com o nível que Santa Rosa merece.

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