Jonas Diogo
Tão importante quanto saber quem somos é saber o que queremos ser. Se nós somos a soma das nossas escolhas, então um país é o resultado das escolhas de cada um de seus cidadãos. Um país não é, senão, seu próprio povo. Tudo é objeto, só o homem é sujeito. Só o homem pode conduzir seu país para o desenvolvimento ou para a decadência. Cada povo tem o país que merece.
O Brasil não foge dessa regra: há diversos “brasis”. O Brasil pode ser o país das oportunidades para os otimistas; o país dos desafios para os revolucionários; o país das maravilhas para os sonhadores e apaixonados; o país da diversidade para os detalhistas; e o país do jeitinho para os pessimistas. O país dos que entram em uma universidade para conquistar o mundo e os que entram pensando no concurso público de nível médio. O país dos que buscam alternativas e dos que culpam o governo em tudo, voltado-se para seu próprio umbigo.
O Brasil é o país das diferenças. Tanto na diversidade quanto na desigualdade. Um povo formado por diversos povos. O país do povo que já foi para o espaço em busca da conquista do universo, mas também o país do povo que prefere assistir ao Big Brother a ler um livro. País dos que lutam por um lugar ao sol dando um passo a cada dia e dos que sonham em ganhar na loteria apostando somente quando está acumulada, para ficar milionário num passe de mágica, e como agradecimento promete dar um pouco do prêmio aos “pobres”. O país do samba e do futebol para os turistas e o país do futuro para os acomodados.
O Brasil do João Hélio e do Márcio Pontes é o mesmo. O destino de um representa o Brasil dos incluídos no time que avança e o do outro a conseqüência dos que preferem ficar na reserva. Há ainda os que preferem a arquibancada e às vezes entram em campo para manchar a festa de quem está no jogo.
E a propósito! Até quando a classe pobre vai continuar gastando milhões em telefone por semana para eliminar um Brother da casa (que de grande amigo não tem nada)? Até o fim do programa? E depois economiza em cultura para gastar no BBB 8?
2 comentários:
Vai lá, pia!
Há 500 anos caçamos índios e operários,
Há 500 anos queimamos árvores e hereges,
Há 500 anos estupramos livros e mulheres,
Há 500 anos sugamos negras e aluguéis.
Há 500 anos dizemos:
que o futuro a Deus pertence,
que Deus nasceu na Bahia,
que São Jorge é guerreiro,
que do amanhã ninguém sabe,
que conosco ninguém pode,
que quem não pode sacode.
Há 500 anos somos pretos de alma branca,
não somos nada violentos,
quem espera sempre alcança
e quem não chora não mama
ou quem tem padrinho vivo
não morre nunca pagão.
Há 500 anos propalamos:
este é o país do futuro,
antes tarde do que nunca,
mais vale quem Deus ajuda
e a Europa ainda se curva.
Há 500 anos
somos raposas verdes
colhendo uvas com os olhos,
semeamos promessa e vento
com tempestades na boca,
sonhamos a paz na Suécia
com suiças militares,
vendemos siris na estrada
e papagaios em Haia,
senzalamos casas-grandes
e sobradamos mocambos,
bebemos cachaça e brahma
joaquim silvério e derrama,
a polícia nos dispersa
e o futebol nos conclama,
cantamos salve-rainhas
e salve-se quem puder,
pois Jesus Cristo nos mata
num carnaval de mulatas
Este é um país de síndicos em geral,
Este é um país de cínicos em geral,
Este é um país de civis e generais.
Este é o país do descontínuo
onde nada congemina,
e somos índios perdidos
na eletrônica oficina.
Nada nada congemina:
a mão leve do político
com nossa dura rotina,
o salário que nos come
e nossa sede canina,
a esperança que emparedam
e a nossa fé em ruína,
nada nada congemina:
a placidez desses santos
e nossa dor peregrina,
e nesse mundo às avessas
- a cor da noite é obsclara
e a claridez vespertina
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