Passado o fedor do "não vai ter Copa", deu tempo para prestar atenção nas reais influências do evento. Dos R$ 8bi gastos com estádios, o Planalto diz que nenhum centavo veio dos cofres públicos. Apenas a metade, R$ 4bi são recursos financiados pelo BNDS, um banco público. O governo quer que a gente acredite que esse dinheiro será resgatado com juros, correção monetária e impostos pagos. Se eu contar essa história para meu sobrinho de oito anos, a pobre criança vai começar a acreditar que ninguém paga os presentes de natal. É tudo financiamento do governo, esse grandiosíssimo papai noel.
Com a injeção dos R$ 4bi na conta das empreiteiras, o custo da construção civil subiu e o governo controlou assim a inflação em outros setores. A onda de desemprego que virá não é preocupação de ninguém. Até lá, as eleições já passaram. Se o Brasil ganhar a Copa, melhor. Se perder, teremos segundo turno de qualquer jeito. E Michel Temer, o maior chefe de quadrilha do país, continuará seu governo de panos cobertos e quentes, enquanto Lula posa para as fotos com cara de candidato.
Meu pensamento capitalista, claro, vê tudo como retorno financeiro ou eleitoral. É a mesma coisa, aliás.
Em Fortaleza, as meninas que pensavam poder decretar aposentadorias com a alta demanda de turistas, ficaram chupando do dedo. E outras coisas também, mas pelos mesmo preço de antes. Descobriram que turista que gosta de futebol não tem dinheiro para gastar com meretriz feia.
Dois mercados diferentes. Óbvio que o turista que gosta de futebol não é o mesmo que vem para um GP de fórmula um. E os poucos com cobre nas guaiacas não estão nem aí para os jaburus com cara de cigarra velha dispostas no turismo sexual de calçadas.
É assim mesmo. Um amigo meu estava sonhando em alugar o apartamento dele por R$900 a diária. Sonhou até o último minuto. Acabou conseguindo alugar, mas por menos da metade disso. Demora um pouco para que o mercado se ajuste a realidade. Lembrou-me a autorização da tirania cubana para que seus súditos pudessem comprar e vender imóveis entre si. Depois de quase 50 anos de intervenção estatal, ninguém sabia o valor real de absolutamente nada. Hoje a coisa já anda mais controlada e até gringos podem ir para a ilha mágica do comunismo investir em imóveis. Baita comunismo rola bosta esse. "Culpa do embargo", dizem os militantes sequelados.
Portanto, ainda estamos no período de ajuste. E a Copa é curta demais. Nem dá tempo para se ajudar, na verdade. Sugiro, honestamente, que o Brasil se habilite para sede universal e perene do mundial de futebol. Aí sim, a gente vai se transformar em uma Suíça em 10 anos.
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