segunda-feira, 15 de julho de 2013

Dia do homem e as prateleiras das nossas vidas

Hoje é dia nacional do homem. Essa bobagem me lembrou o dia orgulho gay, dia do orgulho negro, dia do orgulho hetero, dia do orgulho de se sentir orgulhoso e se auto-conferir uma importância que não se tem. Aprenda: se você tem orgulho de algo circunstancial, alguma coisa que não está no seu raio de ação, fruto do acaso, vá procurar ajuda psiquiátrica.

Não posso me sentir orgulhoso de algo que não está ligado a uma ação direta minha. Por exemplo: ter orgulho de acreditar em Deus ou ser ateu é como ter orgulho de ter um pênis. Ou seja: você pode até se sentir bem com isso, mas sair mostrando por aí é ridículo. A internet é o nosso "mostrar por aí" de hoje em dia. São centenas de pessoas expondo seus pênis morais e intelectuais em um ambiente público. É uma nova forma de atentado violento ao pudor. Quer discutir sua crença em Deus? Vá para a sua igreja, tranque-se lá dentro e não perturbe os vizinhos com música alta. Quer discutir o darwinismo? Escreva um artigo acadêmico, e vá para a universidade expor ele. Na plateia, estarão pessoas interessadas em lhe ouvir e apenas elas.

Eu fiz uma prateleira de madeira para meu sobrinho guardar os brinquedos dele. O guri achou bem legal e se sentiu orgulhoso de mim. Eu me senti orgulhoso de ser um bom marceneiro. Mas, se me sentisse orgulhoso de ser homem, heterossexual e ter os cabelos castanhos, poderia não passar de um belo retardado. Precisamos de um orgulho honesto e sincero sobre as coisas que temos controle. Posso me orgulhar do meu sobrinho ter ido bem na prova de matemática, sim. No entanto, se me orgulhasse dele ser bonitinho, ter o cabelo loiro e gostar de menininhas, bastaria carregar uma placa escrito ASNO no pescoço.

As circunstancias não define quem nos somos. E ter orgulho de algo que não podemos alterar é um belo jeito de se mostrar um perfeito idiota.

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