sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mini-glossário esquerdopata

Bolei uma pequena lista para identificar malucos muito intelectualizados e críticos que entopem os bares próximos das universidades do Brasil. Como sou vacinado contra essa cangalhagem, divirto-me nas costas deles: ouço as fanfarrices e dou rizadinhas simpáticas, enquanto repito a palavra "interessante". Mas, se você não tem um espírito tão diplomático quanto o meu, seguem algumas palavras decoradas em cartilhas aleatórias por esses subleitores de Marx. Subleitor é alguém que nunca leu. No entanto, o subleitor entende muito do assunto, porque é fácil decorar o que os professores, sindicalistas e líderes estudantis repetem até doer no ouvido. Essas palavras são senhas para um conjunto de bobagens que só encontra fim quando o iPhone do revolucionário toca ou quando o cartão da mesada do papai não passa na maquininha e falta a grana para a cerveja:

"Companheiro (a)" - uma palavra mágica que simplifica todas as relações sociais. Todas as pessoas são "companheiros". Trata-se de um pronome de tratamento genérico. É bastante utilizado também para identificar aquilo que a civilização chama de marido, esposa, namorado, namorada. "Eu e meu companheiro vamos viajar para Cuba nas férias".

"Reacionário (a)" - outro pronome de tratamento. Utilizado para identificar qualquer tipo de liberal. Pessoas que não aceitam as bobagens ou simplesmente não absorvem tudo que vem mastigadinho da cartilha marxista recebem essa denominação. John Rawls, Nelson Rodrigues, Mario Vargas Llosa são exemplos de reacionários. Basicamente, basta ter cérebro para ser reacionário. 

"Imperialismo" - é uma palavra que identifica países economicamente mais ricos. São os grandes vilões do mundo contemporâneo. Nesses países, supostamente, não existe uma diferença entre o poder político e econômico. O grande modelo de imperialismo hoje vem dos estadunidenses. Um bom revolucionário não pode chamar os americanos de americanos. É um bom jeito de identificar revolucionários de araque. 

"Neoliberal" - palavra proveniente da imaginação. Tudo que você pode dizer existe. Neoliberalismo, mesmo nunca tendo existido factualmente no ambiente político, é uma forma de identificar qualquer coisa que seja apenas liberal. 

"Coletivo" - alucinação insipiente proveniente da falta de caráter. Para um bom revolucionário as pessoas em grupo são mais importante que indivíduos. Como falta personalidade, é preciso unir as pessoas em grupos. Já ouvi "coletivo negada", "coletivo baitolas", "coletivo menino da comunidade". Ideias idiotas sempre são mais fáceis de brotarem com várias pessoas pensando junto. O projeto central de um coletivo tem relação com o próximo tópico.

"Minorias" - pessoas que representam o maior número na sociedade em que vivem. Se isso lhe parece um raciocínio meio idiota, sua percepção é boa. Minorias são as vítimas da sociedade consumista e individualizada da nossa e de todas as épocas. As minorias são "coletivos", mesmo desorganizados, com todo tipo de gente que não tem grana. Minorias podem ser também homossexuais, desde que eles não sejam estadunidenses.

O ideal é que as minorias se juntem em coletivos, para combater o imperialismo neoliberal estadunidense e os reacionários de plantão. Entendeu, companheiro?

Um comentário:

Lucas D. Silva disse...

Se deu muito...shuashuashuashua...