terça-feira, 4 de setembro de 2012

Dentro da Média

O que torna um país medíocre? A principal característica de um país medíocre é que nele o governo é o elemento mais importante, influente e que mais afeta a vida das pessoas. Em um país medíocre, o governo dita os rumos da cultura e de como as pessoas devem se comportar. O principal financiador da cultura de um país medíocre é o governo. O governo avisa o que as pessoas podem e não podem fumar. O governo é o principal sócio de qualquer empresa, independente da atividade que ela exerce. O governo diz o que as pessoas podem e não podem fazer, mesmo que isso só diga respeito a elas mesmas. O governo diz que as pessoas não têm o direito de morrer sem dor. Ele é dono da vida das pessoas. O governo, chamado de democrático, diz que a maioria tem sempre razão. Um governo com esse nível de influência não pensa, apenas caminha lentamente em direção aquilo que chama de povo. A distinção entre o governo e o povo é fundamental em um país medíocre. Sem ela, as coisas ficam confusas. Não há quem culpar e não há de quem reclamar. Um país medíocre adora papel e carimbo. E adora títulos como "doutor", "excelência" e "meretíssimo". Um país medíocre dá títulos inclusive para quem não tem título algum. Por exemplo: dias antes da eleição, o cara é "eleitor"; durante a eleição, vira "cidadão"; depois da eleição, chamam ele de "contribuinte". Um país medíocre precisa dizer quem é um médico de confiança, um advogado de confiança e um engenheiro de confiança. Essas pessoas recebem um atestado de confiança emitido por um lugar no qual o estado confia para "formar profissionais". Sem o tal atestado, chamado de diploma, não existem médicos, engenheiros, arquitetos e nada que necessite de confiança para se fazer. O povo, inapto para fazer suas próprias escolhas, precisa prestar atenção nos crachás e nos atestados dos profissionais. Em um país medíocre existe várias classes de trabalhadores. Todos são iguais perante a lei e distintos um na frente do outro. A principal classe de trabalhadores que precisa existir em um país medíocre atende pela denominação técnica de "funcionalismo público". São pessoas com habilidades especiais, extremamente necessárias para que o país medíocre funcione. Sem os funcionários públicos, nada pode funcionar. Eles são especiais porque foram aprovados por um concurso imparcial e de credibilidade organizado pelo país medíocre. A partir desse momento eles não podem mais perder seu status de pessoas especiais. Podem inclusive interromper suas atividades, sem que nada aconteça com os seus contracheques. A denominação técnica disso é "greve". Se sua vontade assim quiser, serão funcionários públicos para sempre e nada os impedirá de desempenhar suas funções. Ser especial em um país medíocre é, obviamente, incorporar a mediocridade da sua pátria. São necessários muitos medíocres para fazer um país medíocre. Milhares deles.

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