Alexis de Tocqueville e John Stuart Mill foram os primeiros a alertar, durante o processo de urbanização da revolução industrial europeia, para aquilo que identificaram com uma das maiores doenças da democracia: a ditadura da maioria. Chamada mais tarde por tirania do povo. Trata-se do esmagamento do pensamento minoritário pela opinião pública vigente. É a melhor forma de levar um governo do povo ao governo do populismo. Coisa conhecida no Brasil.
Hoje, essa praga atende pelo termo "politicamente correto". Funciona mais ou menos assim: você tem autorização para ser um canalha, desde que separe seu lixo. Também, está liberado para ter uma dúzia de carros importados na garagem, desde que aceite o discurso budista que prega o desapego do material. Tudo bem colocar cinco filhos no mundo, desde que seja suficientemente hipócrita para levá-los às marchas que protestam contra a destruição da amazônia. Para ser um canalha, basta se enfileirar com a tirania do povo.
Se filiar à opinião pública vigente, é a melhor forma de ser aceito. Academicamente, a opinião pública latino americana professa o "pestismo jovem guarda". O termo foi cunhado pelo meu amigo Tom para identificar a esquerda brasileira da década de 70. Aquela esquerda tacanha e cretina do "caminhando/ e cantando/ e seguindo a canção". Contra a industria multinacional do tabaco e a favor da maconha. Porque a maconha é natural. Se é natural, é lindo! A maconha é lindo, bicho!
Do outro lado, temos os conservadores do Tradição, Família e Propriedade. Católicos teocráticos conduzidos pela mão pelo Olavo de Carvalho. São crentes metodológicos contra o aborto, contra a mulher e contra aqueles que são contra.
Num mundo onde precisamos escolher em Cesare Battisti e Olavo de Carvalho, eu prefiro bater na porta do consulado moçambicano.
2 comentários:
Apenas para pontuar: a democracia já era abominada na antiguidade clássica por Aristóteles e Platão; bem como por todo o medievo e seu sistema feudal.
Lucas D. Silva
só pra usar dois pontos: Mill e Tocqueville eram ambos democratas. Não aristocratas democráticos. Tenho certeza que é diferente de Aristóteles. E não saberia dizer se Ari 'abominava' a democracia. A democracia greva era outra. Já dos medievais não sei porra nenhuma. É bem possível que a palavra "abominar" caiba a eles.
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