segunda-feira, 9 de abril de 2012

Barretagem

O Brasil tem uma produção cinematográfica das mais polêmicas e heterogêneas do mundo. A qualquer momento, pode acontecer qualquer coisa e mudar tudo no cinema nacional. O cinema novo foi o precursor da pornochanchada. Fez escola no mundo todo. Teve méritos e descrédito, até cair no ostracismo. Recentemente, Selton Mello é um dos homens mais criativos e produtivos da nova geração. Responsável por filmes como O Palhaço (2011), onde se mostrou um diretor maduro, ou Reflexões de um Liquidificador (2010), de André Klotzel, onde se apresenta como um ator capaz de transformar até dublagem em arte.

Na outra ponta, temos o que há de pior no mundo do cinema: a publicidade barata, o control C e control V do cinema americano e o equivalente a cinema ruim: o sobrenome Barreto. Lula o Filho do Brasil (2010) é um filme do pior estilo publicitário. Não só feito para servir a uma campanha política específica, é um filme barato e pessimamente dirigido. Fábio Barreto mostrou-se um excelente cineasta para um comercial do Partido Comunista e um péssimo conhecedor da tela grande. Precisaria criar vergonha na cara e se matricular em um cursinho de redação qualquer.

Só esse semana tive a oportunidade de ver o filme de 2007 O que é isso companheiro?, baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira. O filme trata do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, durante os anos de chumbo da ditadura militar. Frases feitas, português falado com perfeição e excelentes atores dirigidos por um péssimo diretor. É isso que o filme é. Um filme que tinha tudo para ser bom e caiu nas mãos de Bruno Barreto, irmão de Fábio. Virou um filme publicitário, sem tratamento algum dos problemas existenciais que dizem respeito às ideologias. Um filme monotemático. Exatamente o contrário do que pretendeu o Fernando Gabeira quando escreveu o livro.

Barreto é, hoje, um sobrenome que resume o que temos de pior. Ser brasileiro é fácil demais e a prova disso está nos filmes Barreto. Nosso projeto de vida se resume a próxima eleição.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como diz o teu querido Arnaldo Jabor: "o cimena tem uma característica: todo mundo entende de cinema"...
Lucas