sexta-feira, 1 de julho de 2011

Violão: seis mortos

Seis mortos espichados. Cinco vivos caminhando. Os vivos não dizem nada. Os mortos seguem cantando.

Confessa: você queria fama, dinheiro, atenção do público e acabou na internet? É assim. Na internet, todo mundo é poeta, crítico e intelectual. Os mais ridículos se dizem "nerds, com orgulho". No fundo, um grupo de punheteadores.

De perto, ninguém é normal.

Esse é meu bruxo Luiz Paulo Set. Poeta de verdade, músico dos bons e amigo do dono do bar. Das três coisas, a mais socialmente relevante é a última. O cara já tocou em puteiro, cabaré, buteco de estrada, rica-faca e até na missa. "Nunca na vida tive um violão", lembra ele. Faz sentido. Porque fazer música com violão próprio gera uma instabilidade emocional. O cara se reconhece no instrumento e a música acaba virando uma relação solipsista: um afetado mental sentimentalóide e um instrumento, ambos sem a capacidade de fazer nada sozinho.

Música boa se faz bêbado ou doente. A bebida é a doença dos saudáveis. A doença é a senhora da arte. A ressaca é a rainha soberana da poesia. Os sóbrios constroem pontes; os doentes constroem poesias e pulam das pontes. Toda ponte foi feita para encurtar algum caminho.

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