segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Felicidade e a Filosofia

A felicidade individual e coletiva corre risco de vida. A causa mortis será o esquecimento. O conceito não ocupa mais lugar nos livros sérios de Filosofia. A felicidade foi abandonada, relegada ao instrumentalismo. Na História do pensamento humano, a filosofia sempre ocupou o mesmo espaço, ou seja, foi tratada como um conceito dentro da disciplina de Ética. Pessoalmente, esforço-me para conseguir visualizar um conceito ético mais importante. A justiça é a candidata mais adequada, mas encontra-se na esfera das virtudes e não disputa o mesmo espaço.

Só a felicidade pode beber a água das lágrimas dos sentimentos. Quando isso não acontece na teoria, geralmente não se resolve na pura e simples prática. É, sem dúvida, cíclica a passagem da felicidade pela pena dos filósofos. Na Grécia antiga, foi tema não apenas de Platão e Aristóteles. Epicuro, responsável pela teoria hedonista carpe diem, foi o primeiro a ligar prazer à felicidade. Trata-se de um dos movimentos mais criticados da filosofia. Os Mil Anos de Escuridão, que bem dariam um livro do García Marquez, tornaram o assunto pecado durante toda a idade média. A renascença teve outro méritos, mas não resgatou o problema com a sua profundidade, pois estava preocupada com questões estéticas. O iluminismo estava deslumbrado com o desenvolvimento das ciências e das artes e não contribuiu em uma linha para o assunto.

A última vez que a filosofia reapareceu com o tema da felicidade foi no glorioso século 19. Jeremy Bentham, John Stuart Mill e todo movimento do utilitarismo clássico tratou do assunto, explorando o viés ético, econômico e político da questão. Foram xingados por Schopenhauer e seu comparsa Nietzsche. Dois infelizes, claro. O primeiro só se reconciliou com a vida quando estava prestes a morrer. Nietzche só não se encaixa na classificação de mal comido, porque morreu de sífilis, mas era um baita mal amado.

A filosofia ética do século 20 não soube o que fazer com o tema, resultado da desesperança patrocinada por duas guerras mundiais e inúmeras guerras frias. Até que algo novo surja, estamos condenados a infelicidade ou a leitura do novo contratualismo de John Rawls: o que dá no mesmo.

5 comentários:

Vani disse...

Bem bom!

disse...

"Até que algo novo surja, estamos condenados a infelicidade(...)" Que triste =/

João Mezzomo disse...

"Até que algo novo surja, estamos condenados a infelicidade".

Já surgiu. É o livro "Quem Tem Ouvidos - Um salto do pensamento para o inconcebível". Toda a parte final trata da felicidade, e como ela só pode acontecer como algo real se o ser humano puder ir além da razão, ou seja, acessar novamente uma dimensão mágica, mas agora coletivamente. Não deixem de ler esta obra magistral, que por sinal, é minha....hahaha....
Vejam os links a seguir que tem um resumo do livro, se quiserem, é claro:

http://cafesfilosoficos.wordpress.com/2011/01/27/sorteio-quem-tem-ouvidos-um-salto-do-pensamento-para-o-inconcebivel/

http://www.consciencia.org/quem-tem-ouvidos

Everton Maciel disse...

Mezzomo, aqui a gente não faz filosofia de autoajuda. Não fazemos sequer filosofia. Somos a escoria do mundo, o racionalismo às avessas. Precisamos ganhar a vida com nossas pesquisas acadêmicas. Então, usamos a internet para publicar o resto. Se eu quisesse tratar de coisas sérias, deixava meu currículo em algum jornal. Aqui, escrevemos para celebrar a contradição. E, por fim, temos pânico de velhos que perturbam os bancos acadêmicos em virtude de suas crises de meia-idade. Eles transformam nossas vidas em infernos.

João Mezzomo disse...

Ou seja, depois de desenvolver suas excelentes "pesquisas acadêmicas", frise-se, com verbas públicas, você e seus companheiros se sentem no direito de dizer bobagens sem fim no "resto". Mas o que você parece não saber é que esse resto mostra mais de sua pretensa excelência do que você imagina.
Se você entregar seu currículo num jornal, é possível que algum lhe chame, pois o besteirol costuma vender. Você é o equivalente das mocinhas que, para fazer sucesso, mostram o traseiro. Um Juremir Machado da vida, que lê orelhas de livros e depois escreve como se os tivesse lido. E o povão o lê pois se sente companheiro de um “intelectual” de tal quilate. É dose!!! O cara copia o falecido Paulo Francis, que já era uma droga. Então, é uma espécie de imitação de produto paraguaio. E você, uma imitação da imitação. Aceita um conselho, antes de escrever besteira, vai ler um pouco mais, pois a internet é pública. Não são só teus amiguinhos provincianos e ignorantes que tem acesso ao que você escreve.