Faz tempo que não escrevo sobre filmes nesse blog. Deveria fazer mais isso. Afinal, tenho visto filmes em escala industrial. Em meio a meu Trabalho de Conclusão de Curso, projeto de mestrado e pesquisa fica difícil ter entretenimentos mais saudáveis. As leituras são restritas à filosofia. Literatura que é bom, nada. Chateia, mas faz parte do período.
Então, encho a cabeça com bobagens. Faz um tempão que vi o filme Valmont: uma história de seduções (Milos Forman, 1989). O filme é americano, mas retrata a aristocracia europeia pré-Revolução Francesa. O roteiro é baseado na obra Ligações Perigosas, do século 18, escrito por Pierre Choderlos de Laclos, um militar taradão da época. Não se trata de uma grande obra literária, mas é bacana de ser lido levando em conta a coragem de uma escrita sexualmente apimentada para os parâmetros da época. A originalidade separa os clássicos do resto.
Se um puritanozinho mal-comido lesse o livro (coisa difícil, mas tem louco para tudo), veria a história de uma dupla de degenerados sexuais, cheios de grana e sem nada pra fazer. Na prática, o casal central da trama faz incontáveis apostas e articula ligações sexuais entre os outros personagens do seu meio social. Valmont, filme homônimo do personagem masculino do casal, retrata com certa fidelidade a história do livro. O ponto negativo são os atores americanos falando em inglês com sotaque francês.
Além de dar corpo ao roteiro do filme da década de 80, o livro de De Laclos também serviu de alicerce para roteiros mais recentes. A série de filmes Segundas Intenções, com nome original de Cruel Intentions (99, 2000 e 2004) é um conjunto de adaptações sobre o mesmo tema. Das duas primeiras versões, filmadas por Roger Kumble apenas a primeira se salva. Coincidentemente, é a que mais se parece com a versão do Milos Forman. O segundo filme do Kumble é sexualmente bem mais apelativo. O irmão temporão desse trio, gravado por Scott Ziehl, conseguiu forçar ainda mais a putaria. De tão ruim, ficou parecendo uma pornochanchada do Walter Hugo Khouri. Em ambos os casos, o problema, lógico, não são as cenas eróticas, mas a falta de contexto.
Mesmo com esses problemas técnicos e publicitário, a combinação amoralista de todos os filmes me chama muito a atenção. No mínimo, os jogos sexuais e a personalidade diversificada dos personagens cumpre um papel interessante no momento em que separa prazer de satisfação. Sexo pode gerar prazer, mas a satisfação só é garantida com um ritmo específico de prazer. O prazer não é humano, pode ser observado em qualquer animal, está na árvore da fisiologia. Só a satisfação é um sentimento puramente humano.
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