domingo, 23 de maio de 2010

Filosofia voltando para o Ensino Médio: e agora, professor?

Estive participando de um Simpósio de Filosofia e Educação no Instituto Porto Alegre. Mesmo não sendo estudante da área de licenciatura, sou um curioso desse campo. Além disso, o autor que está sendo objeto do meu Trabalho de Conclusão de Curso, John Stuart Mill, usou algumas propostas de modelos educacionais para exemplificar sua obra "Sobre a Liberdade". Mesmo não tendo uma teoria pedagógica ampla, Mill defende uma educação financiada pelo Estado, mas gerenciada pela sociedade civil. Polêmica certa entre os pedagogos discípulos de Paulo Freire e outros golpistas da esquerda xiita.

Entre as bobagens que ouvi no Simpósio de Porto Alegre, professores uruguaios defendem aulas de Filosofia onde "nosotros tenemos que enamorar los niños por la Filosofia". Bobagem. Um excelente jeito de se tornar um professor popular, escolhido como "amigo da turma" na formatura do Ensino Médio, no entanto, que não consegue transmitir coisas básicas dos conceitos filosóficos, porque está usando seu escasso tempo em sala de aula para "enamorar los niños". Sejamos benevolentes. Tratam-se de pessoas de bom coração com um instinto maternal materializado na sua profissão de educador. Uma hora eles morrem de desgosto e desistem. Mas não podemos esperar isso acontecer para continuar trabalhando.

Depois de uma extensão do período ditatorial, Filosofia e Sociologia voltaram a ser disciplinas obrigatórias nos bancos do Ensino Médio brasileiro. No entanto, os professores que vêm atuando nessas cadeiras mostram-se despreparados e, em muitos casos, com uma formação aleatória, garantida em outras áreas do conhecimento.

Defender uma obrigatoriedade de formação específica para conteúdos do magistério é muito diferente do que reclamar uma obrigatoriedade de formação em Comunicação Social para o exercício do Jornalismo, por exemplo. Sabemos que esse blog já se manifestou contra o segundo tipo de obrigatoriedade.

Em contra partida, quando o assunto é o ensino formal, garantido através da escola tradicional, o mínimo que se reclama é que o professor conheça mais que o aluno. Toda a conversa paulofreiriana não pode ser levada em conta para esses assuntos mais sérios. Eles negarão essa premissa. Não estou nem aí.

Sem medo de ser acusado de "conteudista", o professor Ronai Pires da Rocha, um dos intelectuais gaúchos mais preocupados com aquilo que vai parar em sala de aula no ensino médio, proferiu a conferência de encerramento do encontro em tom equilibrado. Apontou acertos e erros nos manuais projetados pelas secretarias estaduais de educação e questionou: "qual o problema de fazermos nossos alunos apreciarem bons argumentos?"

Realidade pura. Essa conversa de não ensinar filosofia, mas "ensinar a filosofar" é uma das maiores lorotas pedagógicas dos últimos 20 anos.

Sobreviveremos (???).

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