Escrevo isso com meus pensamentos voltados para aquele pobre infeliz que introduziu 50 agulhas no corpo de seu enteado durante um procedimento religioso:
Não sei como as pessoas ainda levam o mundo a sério. Tentam resolver seus problemas práticos de jeitos tão confusos e banais. Meu ateísmo não se ativa contra a crença neurótica das pessoas que acreditam em Deus. A manifestação militante não tem uma origem na tese contrária: de que não existe uma entidade mágica e com poderes que transbordam a realidade. Não sou ateu pela ausência de crença. Creio em muitas coisas também. Algumas delas podem se mostrar infundadas.
A manifestação atéia original não se movimenta contra pobres neuróticos e suas crenças privadas, indemonstráveis e intransferíveis. Se existem ateus, não é porque Deus não existe. Também não é porque existem crentes e malucos de toda ordem. Ateus existem porque existe religião. Pior: religiões. A crença privada não afeta ninguém, apenas dificulta a vida de um podre cretino, incapaz de observar a realidade com o mínimo de ceticismo científico, ontológico ou epistêmico.
Ateus existem porque existem religiões. A neurose privada não prejudica o mundo. A neurose potencializada em religião, sim, afeta a vida das outras pessoas. Afetar, aqui, significa prejudicar. Se as religiões trouxeram algum benefício foi irrelevante perto das suas propostas fabulosas e boas. No geral, apenas prejuízos e desumanidade podem ser aferidos dos três monoteísmos. Se crença é neurose, a religião é o passo seguinte: psicose.
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