sexta-feira, 22 de maio de 2009

o x i g ê n i o: a Margem dá vida

Recebi com alegria o material que Elton Schimo, de Santa Rosa, RS, enviou sobre "A Margem". O projeto circulou por várias cidades do Estado com músicos brasileiros e argentinos. Tudo começou pela região Noroeste. Eles estiveram em Pelotas também, não resenhei por falta de tempo. Mesmo assim, ratifico cada verbo do colega Schimo.

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Que maravilha! Nada mais justo que emprestar o título/refrão da pérola sessentista jorgebeniana para explicitar a sensação que permeava o teatrinho do Sesc Santa Rosa, na noite de 12 de maio, ao longo da tertúlia musical denominada A Margem.

No palco, Cláudio Joner, Gastón Nakazato, Marcelo Perez, Léo Chitolina, Sandro Cartier e Facundo Nuñez logravam mapear um território músico-poético-cultural até então não codificado. E que maravilha que nosotros tivemos a ventura de compartilhar o preciso momento dessa descoberta - Bola, PH, Juarez, Marcelão, Nanduka, Bacalhau, Álvaro, Borges, Vilson, Kieling, Fredi, Pedro, Mengarda, Cristiano, essa vocês não podiam ter perdido.

Recusando o estigma reincidente da seca que nos assola, a rapaziada da Margem calou fundo no nosso barro vermelho, inflou os pulmões com ar puro das matas misioneras, banhou-se nas caudalosas águas do Uruguai e do Paraná, contemplou perdidamente o pampa vizinho, absorveu lascas de ruído e urgência das metrópoles do planeta, rebuscou nos sulcos negros dos eternos vinis. Tendo como guia composições do santa-rosense Cláudio e do obereño Gastón, pinçaram também, sem a mínima cerimônia, canções de Ramón Ayala, Jorge Ben, Lennon & McCartney, Fito Paez e Paulo Vanzolini para demarcar suas divisas. E a partir daí, A Margem disse a que veio.

E como disse! Bebeto, Leon, Aznar, Vitor, Gary, Pablo, Chico, Drexler, Radioheads, Lenine, Sabina, vosotros iriam se deliciar com esse trabalho: um amálgama de línguas, sotaques, heranças étnicas, linguagens e trajetórias poético-musicais, pensado, mesclado, produzido, burilado e executado por músicos criativos e sensíveis. Que maravilha!, nosso recorte de Sul traduziu-se em música. Recebemos todos um belo presente. Faremos por merecê-lo?

Alguns já o fizeram, vide os desassossegados que aqui em Santa Rosa, em Erechim, Passo Fundo, Lajeado e Pelotas - por algum lance cego do destino - acorreram ao chamado da Margem. (Aí merece registro a atuação do Sesc/RS, que apostou no projeto e possibilitou esta pequena turnê. Até que enfim o Sesc gaúcho resolveu seguir os passos de seus pares paulista e carioca, e investir firme na circulação de eventos culturais. Por favor, adelante. Outros (como Paul Simon, David Byrne, Caetano, Beck, Goran Bregovich, Peter Gabriel ou Gustavo Santaollala) dariam um dedo para ter parido essa cria. Sem brincadeira. Tão achando que isso tudo é balela? Então, perguntem ao Mó.

De minha parte, muchas gracias, moçada.

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