domingo, 26 de outubro de 2008

Senhoras e senhores: eis O Cara!

Everton Maciel, de Pelotas

Atenção! Escreverei aqui, agora, o nome do grande ganhador do segundo turno das eleições municipais deste ano: Fernando Gabeira (PV). Ele também pode ser chamado de O Cara. Gabeira não fez uma acusação, uma denúncia sequer, não teve nem assessoria jurídica na sua campanha. Virei fã do Gabeira. A campanha do jovem de 67 anos começou na internet – sinal dos tempos.

Gabeira não será o prefeito do Rio de Janeiro, mas conseguiu cair nas graças do povo. Depois de seqüestrar o embaixador dos Estados Unidos, ter ficado quase 10 anos no exílio, durante a década de 70 (época da foto ao lado), e desfilar de sunga pelas praias cariocas, quando era proibido mostrar o corpo, Fernando Gabeira, um homem muito à frente do seu tempo, consegue ter 1,66% de votos a menos que o prefeito eleito, Eduardo Paes (PMDB).

Genial! Muito melhor assim! A vitória nas urnas faria a má fama de Gabeira ir pelo ralo. O que diriam os admiradores do Gabeira daqui a 100 anos!? Como ele conseguiria manter a má reputação, se fosse eleito prefeito do Rio?! Claro que não! Melhor assim, Gabeira. Você é o cara.

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Gabeira foi protagonista de uma reportagem publicada no site do The New York Times. Entre outras coisas, as quatro palavrinhas mais respeitadas do jornalismo mundial falam do apoio de Gabeira à legalização da maconha (assunto discutível, claro).

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Além disso, recomendo os três volumes da coleção "Ditadura", do jornalista Elio Gaspari.

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A obra "O que é isso, companheiro?", onde o próprio Gabeira narra sua vida durante a ditadura militar brasileira também é um ótimo livro.

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"O que é isso, companheiro?" virou até filme homônimo que representou o Brasil no Oscar de melhor filme estrangeiro, com o nome "Quatro dias de setembro" (título escolhido para americano entender).

Um comentário:

Barone disse...

O Rio consagrou a vitória da hipocrisia. Não que Gabeira fosse o salvador da pátria, mas certamente representava um pouco de ética em meio ao obscuro cenário da política nacional. Tive a oportunidade de realizar a primeira entrevista pública de Eduardo Paes, no início da década de 90, quando ele foi colocado na sub-prefeitura da Barra por César Maia. Na época, começando na profissão (jornalismo), eu atuava em um jornal de bairro da Barra da Tijuca. Paes era um rapaz tímido, um tanto bobo, parecia não saber bem o que estava fazendo ali, naquela função. O tempo passou e o menino aprendeu o que há de pior na política tupiniquim: a prática do vale tudo pelo poder. Perde o Rio de Janeiro.