sábado, 18 de outubro de 2008

Extra! Extra! Não existe um diploma de jornalista!

Everton Maciel, de Pelotas

Sobre o debate que há a respeito da obrigatoriedade do diploma específico de jornalista para exercício da profissão, muito se fala e pouco se diz sobre o diploma em si. Afinal o que é um diploma de jornalista? Primeiro: não existe diploma de jornalista. O que as faculdades emitem no Brasil, e os sindicalistas não querem contar para os estudantes e para a sociedade, é o um diploma de bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo.

É preciso que se inicie por essa distinção simples. Não há um jornalista saindo da faculdade. Há um bacharel. Assim com um bacharel em filosofia, que passa longe de ser filósofo; bacharel em ciências sociais, que para sociólogo falta muito; e assim por diante. Sabemos que um filósofo pode ser formado em direito, por exemplo. Um sociólogo não precisa sequer ter passado perto de um curso superior.

Nas ciências humanas, a história aponta um grande número de autodidatas, mesmo na modernidade e na contemporaneidade.

Já com os cursos de caráter eminentemente técnico, não tem jeito: são diplomas de engenheiros, químicos e médicos.

Quando contei para uma amiga, estudante de jornalismo, que ela não ganharia o tão famoso diploma de jornalista, que as faculdades e os sindicatos tanto falam, ela quase me agrediu. Disse que assim que se formasse ganharia o diploma e seria, “a partir daquele momento, uma jornalista”. Tive que explicar tudo duas vezes para minha amiga. Fiz um desenho para que ela compreendesse, mas não teve jeito. Uma mentira repetida cem vezes torna-se verdade. Aprendi isso com os sindicalistas e com as universidades de comunicação.

Mesmo assim, fui simpático com minha amiga. Sorri e sugeri que ela procurasse a coordenação do curso, os sindicatos e a Federação Nacional dos Jornalistas para aliviar o resto da sua tensão. Não teve jeito: tomei um peteleco na orelha. Perdi uma amiga por causa dos sindicalistas.

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Antes que alguém levante o dedo
Dentro desse contexto, logicamente, qualquer tipo de exame prévio para a emissão de registros profissionais é totalmente inaceitável para os profissionais técnicos. O exame da OAB, por exemplo, acaba se caracterizando, apenas, como uma tentativa desesperada de regular o mercado, tendo em vista que as faculdades de direito se multiplicaram como coelhos por esse país-do-faz-de-conta.

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Antes que alguém levante o dedo II
O MEC está perturbando os médicos com a possibilidade de transformar diploma de médico em Bacharel em Medicina, para abrir portas a um possível exame de ordem. Logicamente, isso não tem sentido. Os estudantes e profissionais estão se mobilizando nesse sentido. Pelo menos o sindicato dos médicos não tapa o sol com a peneira. (Leia sobre o assunto no site do Cremers)

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O diploma de bacharel que os sindalistas não mostram



Acesse o link com a maior seleção de argumentos contra a obrigatoriedade do diploma disponível na internet

3 comentários:

Barone disse...

O conteúdo deste post merece ser enviado para a diretoria da Fenaj.

Sem Papel e Tinta disse...

Barone, a Fenaj sabe que a internet (e nós) existe... mas eles fecham os olhos para muitas outras coisas.

Barone disse...

Sei bem disso. Recentemente entrei no debate com mais consistência aqui em Campo Grande (MS) e fiquei surpreso com a "surpresa" de muitos colegas frente aos argumentos que utilizei contra a obrigatoriedade do diploma.