Everton Maciel, de Pelotas
Finalmente, no segundo semestre deste ano, o Supremo Tribunal Federal deve julgar o Recurso Extraordinário 511961. Sim, mas o que isso significa? Significa que o Brasil dará um passo à frente na democratização do jornalismo nacional, derrubando definitivamente a já questionada obrigatoriedade de formação superior especificamente em Comunicação Social, habilitação Jornalismo, para exercer a profissão.
O Brasil, mais uma vez, foi estúpido e seguiu o modelo dos Estados Unidos, com a elaboração de cursos superiores específicos para uma profissão que nada mais é do que intelectual. Seria o mesmo que termos a obrigatoriedade de uma graduação superior em Letras, para formarmos escritores, ou Artes, para pintores. Acho que nada mais precisa ser dito sobre um absurdo desse nível.
Comparar uma profissão intelectual com profissões técnicas, como almeja a Federação Nacional dos Jornalistas, é algo inconcebível do ponto de vista teórico e prático. Não preciso voltar a falar sobre o assunto. Todos que têm mais de dois neurônios me entendem. Os outros são o resto.
A missão da sociedade é ficar de olho para que os sindicalistas não dobrem os ministros do STF. Os olhos da imprensa de verdade estão voltados para os protecionistas e seu lobby barato.
Veja o que dizem alguns jornalistas de verdade (com ou sem formação específica em Comunicação Social sobre o caso):
David Coimbra
"Qualquer um pode ser jornalista. Um médico, um advogado, um engenheiro, todos esses, se fizessem um curso básico de um aninho, teriam condições de trabalhar como jornalistas.A premissa contrária não é verdadeira. Um jornalista não poderia ser médico sem fazer a faculdade inteira de Medicina e mais a residência. Nem arquiteto ou engenheiro ou advogado" (Zero Hora, 11 de março)
Túlio Milman
"Não acredito que se, para exercer uma profissão como o jornalismo se precise fazer um curso superior de quatro anos. Não acho que seja necessário" (Entrevista ao Capeta, 1º de julho)
Boris Casoy
"Não há necessidade nenhuma de diploma. Veja, não sou pelo fechamento das escolas de comunicação. Muito pelo contrário, acho que devem ser melhoradas e muito. Podem formar profissionais muito melhores do que esses que estão sendo “atirados” ao mercado. Jornalismo as pessoas acabam aprendendo, elas acabam “forjando” sua profissão, dentro das redações. É o que continua acontecendo. Acho um atraso de vida essa obrigatoriedade de diploma. Isso cria uma reserva de mercado. Se as escolas são tão boas, certamente, aqueles que cursam terão uma preferência pela qualidade.Jornalismo é profissão intelectual. Daqui a pouco vão propor a criação de um curso especial para escritor... isso é um horror: você propor que só pode escrever livros, oficialmente, quem tem diploma. Não tem lógica!" (Entrevista ao Capeta, 6 de março de 2007)
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