domingo, 8 de junho de 2008

hegel@hotmail.com

Everton Maciel, de Pelotas

Os leitores mais atentos do Capeta devem ter observado que me esquivo constantemente dos assuntos envolvendo a Filosofia. Para mim, a Filosofia está mais para ferramenta, que assunto. Os motivos são vários. Posso citar alguns: primeiro, o colega de academia e profissão Jr. Grings trata desses assuntos com muito mais propriedade. Depois, não tenho conhecimento teórico suficiente para me sentir à vontade. Ainda: tenho um medo danado de não ser compreendido.

Mesmo assim, julgando que esse assunto é suficientemente acessível a minha compreensão, arriscarei uma petecada filosófica. O caso é bastante prático e tenho certeza que todos os usuários do Messenger (MSN), um das maiores e mais populares ferramentas de comunicação instantânea disponíveis na internet, já se depararam com essa situação mais de uma vez.

Hoje pela manhã escrevi na linha de apoio do meu MSN: “eu sei que é difícil, mas pense: como seria o MSN se todo mundo se escondesse off line?” Imediatamente, houve um levante dos adeptos da conexão em off contra mim. Os argumentos de todos eram razoavelmente parecidos: minha liberdade me permite escolher a forma como uso o MSN e tenho direito a privacidade, quando assim desejar.

Com toda certeza, eu não estaria no meu juízo perfeito, se pensasse em agredir a “sagrada” liberdade das pessoas. Poderiam me prender, acusando-me de nazista ou algo desse tipo.

Mas esse furo é um pouquinho mais embaixo.

As pessoas levantam a sua liberdade como se ela fosse um artefato intocável, impenetrável e, o mais grave, singular. Lembram daquela frase famosa, “a liberdade de um vai até onde começa a liberdade do outro?” Infelizmente, é mais uma balela engolida pelo grande e burro senso comum. Não levamos nossa liberdade em uma caixa de sapatos de baixo do braço quando vamos ao supermercado, ao consultório do dentista ou a um passeio no parque. Nossa liberdade não é singular. Ela está dentro do conjunto de inter-relações.

O caso envolvendo o MSN pode ser resolvido, justamente a partir deste ponto.

Como seria sua lista de contatos, se todos estivessem utilizando suas liberdades ao extremo e conectados em off?

Relatei esse fato para minha namorada, Marcela, expliquei para ela exatamente isso e ela contestou: eu entro off line no MSN, quando quero falar especificamente com alguém. Minha pergunta é: “e se essa pessoa específica tiver tido a mesma idéia?”

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Para quem se interessar pelo assunto, recomendo Princípios da Filosofia do Direito, de Hegel.

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