Peleguismo

Everton Maciel

Nós, profissionais de imprensa do interior, somos inquiridos freqüentemente sobre os motivos de nossos veículos de comunicação manterem uma postura marginal frente às questões relevantes, mas que desinteressam às empresas, poder público ou instituições de classe.

Logicamente, tal problema não afeta somente os veículos do interior, mas, notadamente, trata-se de um problema mais acentuado nas empresas de pequeno porte.

A realidade é: muitos assuntos não são explanados à população. Isso prejudica o acesso a uma informação de qualidade. Vamos tentar elucidar os motivos desse problema. São eles, basicamente: a) dependência publicitária mais aguda. Enquanto os grandes veículos não são afetados diretamente por empresas pontuais, o orçamento de um veículo do interior pode estar totalmente dependente de meia dúzia de instituições; b) há jornais que existem unicamente porque detêm o direito de publicação oficial dos editais de prefeituras, câmaras de vereadores, etc. e, sem tal recurso, seria inviável a manutenção das precárias estruturas; c) medo de togas.

Magistrados e outras figuras do Poder Judiciário são postas em altares como se fossem outras coisas que não meros servidores públicos, com mais deveres que direitos frente à sociedade. Isso acontece porque se leva em consideração que um único processo poderia falir algumas gerações de herdeiros dos pequenos veículos; d) má administração. Falta de investimento em reportagem, qualificação profissional, ingerência dos recursos humanos. Estes fatores possibilitariam um jornalismo efetivo, compromissado com o dever de informar, formar e contribuir para o desenvolvimento social.

Espero ter explicado os motivos básicos que prejudicam a informação nos veículos de comunicação sem o aporte financeiro das grandes redes. Sinceramente, não sou esperançoso sobre o assunto.

Alguém poderá dizer que os problemas tomam proporções maiores em grandes agências. Rebato: não são maiores ou menores, mas, apenas, menos mesquinhos.