Jonas Silva
O ministro da saúde José Gomes Temporão vem defendendo a idéia de uma consulta popular para discutir e decidir sobre a legalização ou não do aborto no Brasil. O assunto é polêmico. Para alguns, caso de saúde pública. Para outros, caso de polícia. Mas a grande questão é: até que ponto, temos o direito, de decidir sobre a continuidade ou não, de uma gravidez?
A postura do ministro, de liderar o debate sobre o assunto, é louvável. Trata-se de um problema de saúde pública sim, na medida em que algumas mulheres adquirem graves seqüelas ao fazer aborto em clínicas clandestinas. Algumas chegam ao óbito. Por outro lado – o que talvez seja mais relevante - geram gastos para os cofres públicos. Da forma que está, é também, caso de polícia. Afinal, aborto é crime no Brasil.
O argumento de alguns grupos feministas, que defendem a legalização do aborto como um direito da mulher, é a meu ver, simplista e, até irresponsável. A mulher – assim como o homem - tem sim o direito de decidir quando e quantos filhos terá. Para isso é dever do Estado, e de toda a sociedade, garantir a todos – homens e mulheres – conhecimento e acesso a métodos contraceptivos eficazes. Ou seja, impedir que o filho não desejado seja gerado.
Dizer que o aborto deve ser usado como forma de impedir o nascimento de filhos indesejáveis, é como sugerir acabar com pobreza matando os pobres. É absurdo sob todos os aspectos. Não se pode punir com a morte, alguém que nem se quer nasceu, em função da irresponsabilidade de terceiros. Gravidez indesejada é, geralmente, fruto da irresponsabilidade ou do acaso (o famoso descuido).
A irresponsabilidade pode ser generalizada. É do casal que, tendo conhecimento, não adota métodos contraceptivos. Nos casos em que não têm informação e acesso a esses métodos, a responsabilidade (no caso irresponsabilidade) é do Estado e de toda a sociedade como um todo.
3 comentários:
Bo abordagem Jonas, muitas pessoas pautam esse debate em discussões em torno do dia que a alma entra no corpo da criança... o que é lamentável... como tudo no Brasil, as dicussões sérias, ficam detidas no incomprensível... abraços
Aborto legal, seguro, público, é direito de toda mulher.
Amigo e colega jonas. Sou a favor do direito da mulher à informação, ao acesso à assistência e saúde integral. Toda mulher tem direito à vida dígna. Direitos reprodutivos e sexuais respeitados por todos. Toda mulher tem que ter o direito de decidir o que ela quer fazer com seu corpo.
Os padres , os juizes e os médicos deveriam ter mais sensibilidade para com a mulher quando procura abortar.Para uma mulher tomar esta decisão é porque precisa de ajuda e não de recriminação.
Se essa mulher tivesse condições de ter o filho, ela o teria .
Sou a favor da discriminalização do aborto toda mulher deve ter direito a ter seu filho se assim o quiser mas se decidir não te-lo tem ser respeitado a sua vontade.
Acho que teu texto acende o debate que a sociedade precisa fazer. Venho de uma formação e uma militância nas bases d igreja e sempre ouvimos todos os argumentos contrários ao aborto, inclusive dos setores mais progressistas.
A questão do aborto é uma questão muito mais ampla que um debate feminista. Como homem defendo esta tese por umas questão de saúde pública e por uma quatão de reconhecimento do direito de decidir.
todo apoio a luta das mulheres!
Abaixo o Papa e seu moralismo!
Disse bem! direito sobre o seu corpo, não sobre a vida de outro ser, ainda que esteja, por momento, em seu corpo. Não ao aborto, com direito da mulher! Em casos de anencefalos, ou outras deficiencias graves até podemos discutir...
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